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JULIA Y EL ZORRO, Inés María Barrionuevo

Ficção, 2018, 105’

​No áspero inverno da província de Córdoba, uma actriz e a sua filha de doze anos instalam-se numa casa de família. Nas palavras da realizadora, “este tipo de personagem feminino contrapõe-se a arquétipos instalados no nosso universo patriarcal”. Com rigor e sensibilidade, Barrionuevo conta uma fábula amoral da pós-modernidade sem nunca ser complacente. A maternidade e o desejo, algumas fissuras e, de vez em quando, o riso. O tom melancólico e íntimo proposto por movimentos sigilosos e uma memorável fotografia de Ezequiel Salinas.

> San Sebastián 2018

Realização Inés María Barrionuevo | Argumento Inés María Barrionuevo | Fotografia Ezequiel Salinas | Montagem Rosario Suárez | Som Atilio Sánchez, Gerardo Kalmar  | Interpretação Umbra Colombo, Pablo Limarzi, Victoria Castelo Arzubialde, Pedro Rodríguez| Produção Juan Pablo Miller

 

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MIENTRAS LAS OLAS, Delfina Gavaldá e Carmen Rivoira

Ficção, 2018, 17’

Julia é uma adolescente que decide trilhar um caminho de perguntas sem resposta. Deambula com segurança por novas formas de olhar para o mundo, na cristalização efémera de uma rebeldia anunciada. Sem cinismo e com frescura, uma resolução possível do mistério pelo qual todos passamos.

> Berlinale 2018

Realização Delfina Gavaldá, Carmen Rivoira | Argumento Florencia Bianco, Delfina Gavaldá, Carmen Rivoira | Fotografia Wilson Chang | Montagem Josefina Alen | Som Josefina Alen, Andrés Montero Bustamante | Interpretação Guillermina Broens, Amadeo Monzani, Maribel Khazhal | Produção Josefina Alen, Abril Lucini

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EL MOTOARREBATADOR, Agustín Toscano

Ficção, 2018, 94’

Nos subúrbios de uma tensa cidade de Tucumán, um ladrão arrebata a mala de uma mulher que resiste mais do que era esperado e acaba no hospital. Esta situação desencadeia uma tragicomédia inteligente que capta a ambiguidade na medida certa, ao mesmo tempo que comenta a realidade social ao melhor estilo dos irmãos Dardenne. Diz o realizador que o filme adoptou a forma de um policial sem polícias, um tratado sobre a insegurança, especialmente a insegurança dos que roubam para manter as suas famílias. Uma reflexão humanista, existencial e potente.

> Quinzaine des Réalisateurs Cannes 2018

Realização Agustín Toscano | Argumento Agustín Toscano | Fotografia Arauco Hernández Holz | Montagem Pablo Barbieri | Som Cato Vildosola | Interpretação Sergio Prina, Liliana Juárez, Daniel Elías, Camila Plaate, Pilar Benítez Vibart, Mirella Pascual | Produção Georgina Baisch, Natacha Cervi, Hernán Musaluppi, Cecilia Salim

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INTRODUZIONE ALL’OSCURO, Gastón Solnicki

Documentário, 2018, 71’

Hans Hurch, director da Viennale durante 20 anos, um flâneure o responsável por este ser um dos mais vitais e estimulantes festivais de cinema do mundo, morreu de um enfarte em Julho de 2017. Solnicki, seu amigo, foi convocado para participar numa homenagem em Viena e, diz, senti a necessidade de fazer um filme. O resultado é este fascinante retrato de um protagonista ausente. Um deambular por entre cartografias de planos simétricos, frescos melancólicos pintados a luz e sombra pelo “nosso” genial Rui Poças na fotografia. Uma delicadíssima elegia.

> Venezia 2018

Realização Gastón Solnicki | Argumento Gastón Solnicki | Fotografia Rui Poças | Montagem Alan Segal | Som Jason Candler, Bernhard Maisch | Interpretação Gastón Solnicki | Produção Benjamín Domenech, Santiago Galelli, Matías Roveda, Gastón Solnicki, Paolo Calamita, Gabriele Kranzelbinder

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EL DÍA QUE RESISTÍA, Alessia Chiesa

Ficção, 2018, 98’

​Fan, Tino e Cla (9, 7 e 5 anos) são três irmãos que esperam o regresso dos pais numa casa de campo. Entre festas de rebuçados e brincadeiras com Coco, o atento cão, leituras de Hansel e Gretel e lavagens de dentes, a espera prolonga-se e vai transformando o ambiente lúdico e divertido numa solidão algo inquietante e misteriosa. Chiesa, nesta primeira longa-metragem, compõe com enorme sensibilidade e critério uma gradação de dissonâncias e sintoniza um olhar singular sobre a infância, que teme a escuridão tanto quanto pulsa frescura.

> Berlinale 2018

Realização Alessia Chiesa | Argumento Alessia Chiesa | Fotografia Alejandro Bonilla | Montagem Maxime Cappello, Baptiste Petit-Gats, Alessia Chiesa | Som Agathe Poche, Mercedes Tennina | Interpretação Lara Rógora, Mateo Baldasso, Mila Marchisio | Produção Alessia Chiesa, Laura Guinde

 

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TEATRO DE GUERRA, Lola Arias

Documentário, 2018, 82’

A multifacetada Arias, a partir do que foi a guerra onde Argentina e Grã Bretanha em 1982 lutaram pela soberania das Ilhas Malvinas, criou uma série de trabalhos que cruzam géneros e que documentam o “encontro” entre antigos inimigos. Quando este conflito geopolítico está ainda por resolver, seis veteranos reconstruíram essas memórias. Um dos resultados é este filme agudo onde a espontaneidade e a teatralidade se contaminam para revelar que, para além das bandeiras, as experiências traumáticas não são tão distantes.

> Berlinale 2018

Realização Lola Arias | Argumento Lola Arias | Fotografia Manuel Abramovich | Montagem Anita Remón, Alejo Hoijman | Som Sofía Straface | Interpretação Lou Armour, Marcelo Vallejo, Rubén Otero, David Jackson, Sukrim Rai, Gabriel Sagastume | Produção Gema Juárez Allen, Alejandra Grinschpun, Bettina Walter, Ingmar Trost, Pedro Saleh

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LA PELÍCULA INFINITA, Leandro Listorti

Documentário, 2018, 54’

O AR despede-se desta 5ª edição com um belíssimo quebra-cabeças cinematográfico que conta a história do que não aconteceu. A partir de fragmentos justapostos, Listorti constrói um percurso através de mais de dez filmes que nunca terminaram, por exemplo, El Eternauta (1968) de H. Gil, Zama (1984) de N. Sarquís, Sistema español (1988) de M. Rejtman ou El ocio (1999), de M. Llinás e A. Mendilaharzu. Um Frankenstein que é, ao mesmo tempo, uma panorâmica em found footage mas, sobretudo, uma história paralela do cinema argentino.

> Rotterdam 2018

Realização Leandro Listorti | Argumento Leandro Listorti | Montagem Felipe Guerrero | Som Roberta Ainsten | Produção Leandro Listorti, Paula Zyngierman

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Y AHORA ELOGIEMOS LAS PELÍCULAS, Nicolás Zukerfeld

Ficção, 2017, 15’

Esta insuspeita e suave comédia é uma homenagem a Manny Farber, pintor e importantíssimo crítico de cinema norte-americano. O ínfimo e subtil dá lugar ao movimento intenso. Lucas lidera um conjunto de personagens que, com elegância e leveza, reflecte sobre os mecanismos e a amplitude da intemporalidade cinéfila.

> Mar del Plata 2017

Realização Nicolás Zukerfeld | Argumento Nicolás Zukerfeld | Fotografia Fernando Lockett | Montagem Malena Solarz, Nicolás Zukerfeld | Som Valeria Fernández | Interpretação Lucas Granero, Nicolás Daniluk, Mariana de la Mata, Agustín Gagliardi | Produção Rogelio Navarro, Fidelia Cine

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MALAMBO, EL HOMBRE BUENO, Santiago Loza

Ficção, 2018, 71’

O malambo é um género de folclore argentino. Um malambista era tão distante para mim como um astronauta. Então comecei a investigar, diz Loza. O resultado é este conto luminoso que gira à volta de Gaspar, um bailarino que se prepara para um campeonato particular que dá uma aura de mistério a este ensaio sobre a condição humana. Uma belíssima fotografia a preto e branco tinge de beleza este filme sobre o movimento e o silêncio, apenas interrompido pelo som dos pés a bater com força no chão.

> Berlinale 2018

Realização Santiago Loza | Argumento Santiago Loza | Fotografia Iván Fund, Eduardo Crespo | Montagem Lorena Moriconi | Som Nahuel Palenque, Guido De Niro | Interpretação Gaspar Jofre, Fernando Muñoz, Nubecita Vargas, Pablo Lugones, Gabriela Pastor, Carlos Defeo | Produção Diego Dubcovsky

 

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MUJER NÓMADE, Martín Farina

Documentário, 2018, 74’

​Esther Díaz é uma reconhecida filósofa argentina de 70 anos de atitude pós-punk, com uma extensa obra publicada, que precisa de encher o vazio do quotidiano com momentos ávidos. Farina era um realizador que acabava de retratar nada menos que a Raúl Perrone. Deste encontro resulta um documentário nada conceptual, mas que gira em torno do mais puro estruturalismo. A construção de uma intimidade, um encontro perfeito e hedonista no qual o desejo de pensar é, no fundo, pensar sobre o desejo.

> BAFICI 2018

Realização Martín Farina | Argumento Martín Farina | Fotografia Martín Farina, Tomás Fernández Juan | Montagem Martín Farina | Som Jorge Barilari | Interpretação Esther Díaz, Juan Manuel Martino, Verónica Argenzio, Daniel, Lesteime, Norberto Farina, Walter Canet, Javier Riera  | Produção Martín Farina

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CASA DEL TEATRO, Hernán Rosselli

Documentário, 2018, 70’

A Casa del Teatro de Buenos Aires é um lar para artistas reformados com dificuldades económicas. Rosselli filmou este espaço durante anos e descobriu o actor Oscar Brizuela,que recuperava de um AVC. Através da sua memória, com a câmara fixa e a uma distância prudente, detectivesca, a estrutura deste retrato assenta sobre dois pilares, o passado e o presente, que tanto se esquivam como se alimentam. Lá ao longe, um tango, porque anduve a los sopapos con la vida yo también. Lá ao fundo, um espelho, o de um país que também esquece os seus actores. 

> BAFICI 2018

Realização Hernán Rosselli | Argumento Hernán Rosselli | Fotografia Hernán Rosselli | Montagem Ana Remón, Hernán Rosselli | Som Guido De Niro, Flavio Nogueira | Interpretação Oscar Brizuela, Ángeles Jiménez, Fernando Ortega, Jack Caitak, Mónica Patiño, Rosa Escalada, Miguel Fontes | Produção Hernán Rosselli

 

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JUNTAS, Laura Martínez Duque e Nadina Marquisio

Documentário, 2017, 71’

Norma e Cachita (que morre a 26 de Outubro de 2018) foram o primeiro casal gay a casar na América Latina, em 2010, tornando-se o símbolo da lei do casamento homossexual. Juntas nasce de uma inquietude formal e afectiva das realizadoras: queríamos fazer um filme sobre o desejo e a pulsão de viver, sobre duas mulheres valentes que se amam. Pode traduzir-se esse afecto em imagens, sons e movimento? A resposta é que sim, através deste documentário impressionista que viaja à Colômbia, onde tudo começou, por entre os interstícios da realidade e do seu reflexo.

> Cinéma du Réel 2017

Realização Laura Martínez Duque, Nadina Marquisio | Argumento Laura Martínez Duque, Nadina Marquisio | Fotografia Nadina Marquisio | Montagem Cristina Motta, Laura Martínez Duque, Nadina Marquisio | Som Sergio Escobar | Interpretação Norma Castillo, Ramona Arévalo | Produção Laura Martínez Duque

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VOLVERSE AIRE, Cristina Motta

Documentário, 2018, 15’

Esta curta, livre de formas e pura afirmação, resgata três casos de mulheres vítimas de violência de género que desapareceram: María em 2011, Laura em 1978 e Ema em 1875. Uma força centrífuga empurra o presente até ao passado com vista à construção do futuro. Uma escala individual mas imensa no mapa negro do terrorismo de género que é vital combater.

Ji.hlava IDFF 2018

Realização Cristina Motta | Argumento Cristina Motta | Fotografia Nadina Marquisio | Montagem Nadina Marquisio, Cristina Motta | Som Mercedes Gaviria | Produção Cristina Motta

 

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TE QUIERO TANTO QUE NO SÉ, Lautaro García Candela

Ficção, 2018, 70’

​Francisco é um jovem de Buenos Aires que, numa sexta-feira à noite, procura uma rapariga chamada Paula. Pelo caminho, entre mensagens, um city tour e um jogo de futebol, há uma história que se conta. Situações rohmerianas e algumas canções dos anos 70 e 80 pautam a narrativa que, de vez em quando, bifurca o realismo e arrisca o que parecia impossível. Este primeiro filme de Candela retrata uma juventude desencantada que, à falta de entusiasmo com o presente, olha para o passado mas não para o precipício.

> BAFICI 2018

Realização Lautaro García Candela | Argumento Lautaro García Candela | Fotografia Héctor Ruiz Cárdenas | Montagem Andrés Medina, Miguel de Zuviría | Som Elías Giumelli, Gabriel Real | Interpretação Matías Marra, Shira Nevo, Jazmín Carballo, Miguel García Candela, Guillermo Masse, Lautaro García Candela, Bruno Rivas Toscano, Pablo Robilotte, Rocío Muñoz, Santiago Scauso, Victoria Santarelli, Sofía Pasarelli | Produção Juanse Álamos, Tomás Guiñazú

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T.R.A.P., Manque La Banca

Ficção, 2018, 16’

Três personagens que parecem acabados de sair da Idade Média chegam, pelo Rio de La Plata, a uma selva inusitada. Depois de um estranho e erótico ritual, quebram o relato e partem rumo ao lusco-fusco. Sombra de um presente incerto, um fresco ensaio visual e sonoro onde a liberdade e a estranheza se redefinem pelo caminho.

> Berlinale 2018

Realização Manque La Banca | Argumento Manque La Banca | Fotografia Pablo Huerta | Montagem Manc Le Blanc | Som Hernan Biassotti | Interpretação Teo Palvi, Julia Sbriller, Antu La Banca | Produção Tobías Cédola

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